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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

Senhor,
quisera neste Natal
armar uma árvore dentro do meu coração
e nela pendurar,
em vez de presentes,
os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe e os de perto.
Os antigos e os mais recentes.
Os que vejo a cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que as vezes ficam esquecidos.
Os constantes e os intermitentes.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer magoei ou, sem querer me magoaram.
Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles que me são conhecidos apenas pelas aparências.
Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo.
Meus amigos humildes e meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida. Uma árvore de raízes muito profundas,
para que seus nomes
nunca mais sejam arrancados do meu coração.

De ramos muito extensos,
para que novos nomes,
vindos de todas as partes,
venham juntar-se aos existentes.
De sombra muito agradável,
para que nossa amizade seja um momento de repouso,
nas lutas da vida. Que o Natal esteja vivo
em cada dia do Ano Novo que se inicia,
para que as luzes e cores da vida
estejam presentes em toda a nossa existência,
e concretizem com a ajuda de Deus,
todos os nossos desejos.
Feliz Natal!

São os votos sinceros do seu amigo,

Julio Pecly

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Hip hop do caveirão

Tem dias em que você chega em casa cansado do trabalho. Ficar o dia todo sentindo cheiro de tinta, é horrível. E a única coisa que você quer fazer, é tomar um banho, jantar e ficar assistindo um programa de bicho no Discovery chanel e não consegue. A única coisa que consegue é ouvir sua mulher reclamar.
- Essa vizinha esta de implicância comigo.
- Ela jogou todo o lixo da calçada dela na minha.
- Essa criança chorou o dia todo.
- Sexta – feira tem que pagar a prestação da casa Bahia.
Da vontade de mandar ela tomar no cu e ir beber com os amigos. A primeira vontade vai ficar só no desejo, porque desde o momento que eu tirei da casa do pai e me propus a fazer uma família ao lado dela. Sujeito homem não pode fazer isso. Ir beber com os amigos, foi o que fiz.
- Vai aonde?
Ainda consegui ouvir essa pergunta. Só que já estava saindo no portão e como ela sabia que eu não gostava que ela entrasse no bar, ela não disse mais nada. Porem quando eu voltasse, ai ouvir. Só que meu plano era voltar completamente bêbado, pegar no sono e só acordar na hora de ir para o trabalho.
Gostava de ir em diversos bares, só que o meu favorito era o bar do Rui. Pois a gente se conhecia desde moleque, estudamos junto e eu gostava de beber lá, gostava de dar essa moral pra ele. Lá também encontrava outros amigos de infância. Os assuntos eram sempre os mesmos: Futebol e mulher. Assim que cheguei, ainda pude ouvir a frase do Antonio pedreiro.
- O flamengo é o time dos favelados.
- Porque? Perguntei.
Antes de responder ele olhou pra mim. Sabia que a gente sempre que discutia sobre futebol, eu o deixava sem argumento.
- Toda vez que o flamengo joga no maracanã, tem briga.
- Mais o flamengo não joga sozinho, joga sempre com outro time. Que como o flamengo também tem torcedores que são moradores de favela.
- Eu sei, mas só que...
- Mas só que de cu é rola... todos os times tem torcidas organizadas, que na maioria são mauricinhos de classe média, que se pegam, o pobre que vai pra brigar no estádio, é o maior dos idiotas.
Pedi logo uma cerveja, depois outra e mais outra.
- Aí! Vocês viram a filha do seu Macedo. – Serginho trabalhava de segurança num mercado, esse era meu amigão do peito. Nossa esposas eram irmãs gêmeas, começamos a namorar juntos, casamos no mesmo dia e nossos filhos chegaram com uma diferença de dois meses. – Ela ta muito gostosa.
- Aquela novinha? – perguntei.
- Ela mesmo, ta gostosinha. Eu vou pegar ela. Ela da pra geral maluco. Ela ta dando molinho pra mim. Sempre que ela me vê me pede dinheiro pra comprar cigarro. Eu vou só jogando meu verde. Outro dia ela parou comigo no bar, fiquei alisando as coxas dela e dei um papo. Semana que vem a gente vai sair. Vou arrastar ela prum pulgueiro qualquer e vou meter a pica.
- essas novinhas só querem saber de piroca mesmo. Tem que botar tudo pra mamar mesmo. – Tiquinho tinha sido jogador de futebol, jogou no Madureira, olaria e times pequenos de outros estados. Hoje estava com uma barriga bem grande, de tanto tomar cerveja.
A conversa foi fluindo, quando a gente se deu conta, já passavam de meia noite e do outro lado do rio, estourou um baita de um tiroteio. Ninguém foi embora, o tiroteio era do outro lado da favela.
Depois de meia hora, o tiroteio não terminou. Quase todo mundo começou a falar do caveirão.
- Hoje o caveirão vai invadir.
- Não vai ficar ninguém na pista.
- esses filhas da puta já chegam na favela atirando.
- De pacificador essa prega não tem nada. Eles são tudo assassinos.
A discussão diminuiu quando veio um cara, um desses cachaceiros de plantão que sabe de tudo o que acontece na favela.
- o caveirão ta atravessando pro lado de cá.
As pessoas tentavam continuar do seu jeito normal. Só que a simples alusão ao nome caveirão, deixava todos apreensivos. Pois em muitas operações do bope, onde o caveirão foi solicitado, diversas vezes inocentes morreram. No fundo, no fundo, as pessoas ficavam com medo.
Não tardou quinze minutos e o caveirão entrou na rua onde ficava o bar. Foi cruzando bem devagar os cento e cinqüenta metros da rua e parou na frente do bar. Todo mundo ficou quieto, só se ouviam dois sons, o motor do caveirão e a respiração das pessoas no bar. Derrepente ouviu-se uma voz distorcida eletronicamente, vindo do equipamento de som.
- Vai pra casa bando de viciado. Se eu passar aqui de novo e o bar estiver aberto, vou largar o aço.
Em seguida ouviu-se uma risada maquiavélica, tipo de filme de terror. Uma risada que não debochava só das pessoas que estavam no bar e sim de toda uma sociedade. Depois o caveirão seguiu o seu caminho. No bar as pessoas foram indo embora uma a uma, por fim só ficou eu e o meu amigo dono do bar. Ajudei ele a botar os dois vasos de comigo ninguém pode, que ficavam do lado de fora do bar, com a função de impedir que os maus agouros entrassem. Me despedi do Rui e fui pra minha casa.
No caminho, como era de madrugada podia ouvir os tiros nitidamente, porem como já estava acostumado, só pela intensidade e direção do som, sabia onde ocorriam os disparos. Ao entrar na rua onde ficava a vila na qual eu morava, pude ver o caveirão parado e para o meu espanto, dos alto-falantes, tocava a musica wonderful, do Ja Rule. E eu não estava bêbado.

Julio Pecly

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um Beijo

Que tivesse um blue
Isto é
Imitasse feliz
A delicadeza, a sua
Assim como um tropeço
Que mergulha surdamente
No reino expresso
Do prazer
Espio sem um ai
As evoluções do teu confronto
À minha sombra
Desde a escolha
Debruçada no menu;
Um peixe grelhado
Um namorado
Uma água sem gás
De decolagem:
Leitor ensurdecido
Talvez embebecido
"ao sucesso"
diria meu censor
"à escuta"
diria meu amor
sempre em blue
mas era um blue feliz.

Ana C.