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sábado, 30 de janeiro de 2010

O fuzil assassino

Ao ver o irmão mais novo ali, naquele caixão, Fio tomou uma decisão. Resolveu entrar para a boca, iria matar os policiais que mataram seu irmão na covardia.
Esses filhas da puta que mataram meu irmão vão se fuder, vou matar qualquer policia que eu ver e ainda vou pegar os que mataram meu irmão. Pensava enquanto via sua mãe chorando abraçada ao corpo de Francisco.
Quando chegou em casa, a primeira atitude que tomou, foi ir na boca, falar com um amigo de infância, que era gerente do pó e primo do dono da boca. Esse seu amigo por diversas vezes o tinha convidado a entrar na boca.
- Qual foi Fio! To ta dando mole! Entra pra boca cara, vai ganhar mais do que você ganha ralando la na obra. Sei que você gosta de fumar um bagulho, vai ter bagulho de graça e as mulher vão esfregar a xota na tua cara. Essas piranhas não pode ver um cara armado, acho que a boceta fica coçando, to comendo boceta todo dia, fora as mamada, toda hora chega uma mina bonitinha me pede pó, mando logo elas pagar um boquete. Tu vai se dar bem.
- Não to doido não cara, não quero morrer ainda não. – geralmente Essa era a resposta que dava ao amigo.
Encontrou a amigo em casa.
- vou aceitar aquela tua proposta.
O amigo riu.
- Então tu já vai ganhar dinheiro hoje, vou te dar uma carga de pó, te arrumar um contenção esperto e tu já vai tirar tua grana.
- eu não quero ser vapor não cara. Me da uma arma, que eu quero ser soldado, vou me vingar da morte do meu mano. Quero é trocar tiro com esses pela saco ai do batalhão, sei quem foi que matou meu irmão, já me deram o papo.
- Então já é parceiro, sei que tu tem disposição mesmo. Só que não vai ser soldadinho não, tu é meu braço, vou falar com meu primo e tu vai fazer minha segurança e a dele. Tu não era segurança? sei que tu sabe atirar. Já é?
- Demorou! – Os dois apertaram as mãos efusivamente e se abraçaram.
- Tu vai ser útil pra caralho na firma.
Dois dias depois, Fio já tava com um fuzil na mão, um radinho e onde o patrão ia ele ia junto. Apesar de conhecer o dono da boca desde moleque não tinha muita intimidade com ele. Como foi indicado pelo primo dele, passou a ser de confiança.
Mulheres que nunca sequer tinha olhado pra ele, agora passavam a xota na cara dele, começou a pegar todas que apareciam, apesar de ganhar muito dinheiro, ainda era pouco, ganhava muito, gastava muito. Passou a ganhar a confiança do patrão quando o ajudou a sair de uma boa.
Os dois vinham a noite, junto com um bonde que fazia a ronda na favela. Estavam ao lado do rio, quando os moleques que faziam a contenção, virão um camburão e estalaram os fogos. Só que não deu tempo de ninguém se esconder e foram vistos pelos policiais, que dispararam os fuzis em cima deles. Vendo que todo mundo poderia morrer naquele momento, Fio deu um empurrão no patrão, que caiu no mato. Ele foi pra trás de um poste e descarregou o pente do fuzil em cima do camburão.
-Mete o pé patrão! Vai pra aquela cachanga de ontem, depois a gente se encontra.
Ao ver que o patrão tinha ido embora, Fio trocou de pente e largou o aço novamente, vendo que estava sozinho, correu o mais rápido que pode entrou numa casa que estava com o portão aberto, foi para a vila de trás. Em três minutos estava a dois quarteirões do local onde tinha aplicado nos policiais. Depois foi encontrar com o patrão.
Quando entrou na casa onde o patrão estava, encontrou-o de olhos fechados, sendo chupado por uma loira muito bonita, que pelo que se podia ver não era da favela, como o patrão estava de olhos fechados, Fio entrou, sentou num sofá e ficou quieto.
Depois que a loira levantou lambendo os lábios, o patrão abriu os olhos e notou a presença de Fio.
- Cole Poeba! Da meu bagulho aí, vou dar um role por aí, depois eu volto. – disse ela ainda limpando a boca.
Poeba mete a mão no bolso da calça, tira uns três papelotes de cocaína e joga para Rafaela, que abre um e cheira ali mesmo. Poeba aperta a mão de Fio.
- Valeu! Tu salvou minha vida.valeu mesmo cara.
- Será que matei algum daqueles filho da puta?
- Se matou eu não sei fio. Mas que nós estamos aqui vivos hoje, foi por causa de você.
Fio olhou para o patrão e riu intimamente. Como as pessoas podiam ter medo de poeba. O cara era baixinho, meio gordo, calvo e usa óculos. No mínimo, ele é uma figura engraçada. Mas do que assustadora.
- Eu apenas fiz o que tinha de ser feito. Agora vou pra casa. Vou dormir.
- Que mane dormir fio. – Disse poeba. – vamos fazer uma festinha aqui. Sabe essa mina que saiu daqui. Foi no carro pegar na agenda o telefone de umas amigas delas que adoram uma trilha. Daqui a pouco elas tão chegando aqui. Elas fazem tudo o que você quiser em troca de pó. Vou comer muito rabo hoje. Só bundinha bem nutrida, criada com danoninho e leite ninho, vindo diretamente da zona sul pra favela. Aproveita compadre. Já mandei também um maluco buscar umas carnes e umas cervejas geladinhas pra gente fazer um churrascão. Sei que tu não gosta de pó, mas eu tenho aqui uma maconha da boa, que secou com mel. Aquela que vem direto de Pernambuco.
- Agora tu falou minha língua. – fio tirou o fuzil do pescoço e guardou numa sala onde ficavam as armas pesadas. Ficou apenas com a pistola na cintura. Não conhecia as mulheres que viriam, se alguma fosse cana, teria que fazer alguma coisa. – Essa maconha é da boa. Traz ela lá.
Um dos seguranças de poeba foi buscar a erva. Deu para Fio e ele fez um bração de Judas.

GÍRIA DA FAVELA: BRAÇÃO DE JUDAS
BASEADO BEM GROSSO
Em menos de meia hora geral já estava alegre, rindo pra caramba. Quando por fim Rafaela chegou com três amigas. Poeba mandou buscar logo uma cocaína da boa e deu para as garotas. Depois do primeiro teco, elas já foram logo tirando as roupas, ficando totalmente nuas. Fio ficou de olho numa loirinha, muito linda, novinha, não devia nem ter 17 anos, chamou e ela foi.
- Sou toda tua! – foi logo dizendo a menina.
Ela deu mais um teco e foi logo chupando Fio. Depois ele a colocou de quatro e foi logo metendo no rabo dela. Ela gritava, gemia e dizia:
- Mete mais porra. Mete no meu rabo com força.
Fio a principio se assustou. Mais fez o que ela mandou.depois veio as cervejas e as carnes. O circo estava montado. O churrasco com suruba foi até altas horas da manha. Fio bebeu tanto que chegou uma hora que ele teve que dar um teco na cocaína para cortar os efeitos do álcool e ele poder ir para casa dormir. Se dormisse outra noite fora com as piranhas, sua mulher não ia dar sossego. Pegou seu fuzil e quando já ia saindo, poeba o chamou.
-Vai aonde fio?
- Vou pra casa. – respondeu ele.
- Pra casa! – Estranhou poeba. – Vai pra casa e deixar esse monte de buceta aqui pedindo leite.
- Tenho que ir, se dormir outra noite fora de casa, minha mina me mata de tanto falar no meu ouvido.
- Mas tu ta chapadão braço. – poeba tentava persuadi-lo a ficar.
- To nada mano! – do jeito que eu to aqui. Pego qualquer um, até o capitão nascimento.
Todos riram da piada de Fio. Isso significava que ele tava com a moral em dia na boca.
Fio saiu da casa e nem quis nenhum contenção em seu caminho, foi sozinho pra casa. Se passasse um moto táxi, ele pegaria a moto, senão ia andando mesmo. Morava um pouco mais de duzentos metros da casa onde estava acontecendo a suruba. Quando chegou na porta da sua casa, decidiu pular o muro. Colocou o fuzil em cima do muro, deu um impulso e tentou subir no muro. Não conseguiu, caiu. Ainda bem que era tarde e não tinha ninguem na rua, pois se vissem o tombo que levou, mesmo ele sendo da boca, alguém ia rir, principalmente as crianças. Na segunda tentativa conseguiu pular o muro e entrar no quintal. Notou um brilho na sala, Patrícia estava vendo televisão. Que merda! Pensou. – hoje eu não durmo.
Como sempre fazia todos os dias antes de entrar em casa, foi nos fundos da casa para guardar o fuzil no esconderijo secreto. O esconderijo consistia num buraco cavado no chão e coberto com madeiras e uma pedra grande. Ali Fio guardava, seu fuzil, sua pistola, drogas e algumas granadas. Tirou as madeiras, a pedra e destravou o fuzil pensando que estava travando. Quando enfiou a parte de trás do fuzil no buraco, a arma disparou acidentalmente e o tiro estourou a cabeça de fio.
No dia seguinte na favela, em todos os bares, esquinas, cantos e casas, todos os moradores só falavam de um único assunto: A morte de Fio.
- Que bandido é esse, que é morto pela própria arma.
- Que otário maluco!
- Eu sempre digo, estes bandidos de merda, de hoje em dia, não sabem atirar, são apertadores de gatilhos.
- Que idiota, nem sabia travar a arma.
Esses eram algum dos comentários que faziam sobre o caso do fuzil assassino, era daí para pior.

Julio Pecly

domingo, 17 de janeiro de 2010

Hormônios

Desde pequeno que Cristiano tinha um jeito muito feminino, suas feições seus gestos, definitivamente eram de menina. Não gostava de jogar bola e nem de saltar pipa. Gostava mesmo era de brincar de boneca com as meninas. O pai sujeito heterossexual convicto, que dizia detestar viado. Tentava ainda tapar o sol com a peneira.
- Meu filho brinca com meninas, porque ele já ta querendo namorar. Tenho até que mandar ele maneirar. Não quero arrumar briga com o pai de nenhuma menina. Ele já deve ate estar fazendo saliência.
Pai sempre tem razão, Cristiano fazia mesmo saliência, só que com outros meninos.
Já com a mãe, a situação era diferente, ela sabia que o filho não era igual aos outros meninos, ela não gostava disso e nem entendia. Seu filho podia ser o que fosse, não importava, ela o amaria do mesmo jeito e o protegeria.
A partir dos dez anos que ele começou a entender que não era igual aos outros meninos, ele não gostava de meninas, gostava sim de ficar perto delas, o corpo que o atraia, definitivamente não era o feminino. Por dentro tinha raiva de si, porque não era igual a todo mundo, porque ser diferente e porque ele. O que incomodava muito mesmo, era o fato de não ter ninguém com quem conversar. Até que um dia ele resolveu procurar a mãe e desabafar.
Com o passar dos anos, ele nem lembrava o que os dois conversaram naquele dia, em suas lembranças só havia ficado uma única frase: “ você pode ser o que for, eu sempre vou te amar”. Desse dia em diante o céu escuro se abriu e mostrou um belo arco-íris. Porem com o pai não teve jeito, ele nunca aceitou a opção sexual do filho. Conforme Cristiano foi crescendo e se tornando mais feminino, o pai não conseguia nem olhar na cara dele. Não teve opção, o único jeito encontrado por Cristiano foi se mudar. De uma favela, ele simplesmente foi para outra, não muito longe de casa, pois ainda tinha a mãe e os irmãos que o aceitavam como ele era.
Como tinha que se sustentar sozinho, teve que abandonar os estudos aos dezesseis anos e começar a trabalhar, na única coisa que sabia fazer, cabeleireiro.
Com o passar dos anos, sua vida foi mudando, dois itens foram os que tiveram as maiores mudanças.
Primeiro: profissionalmente. Como era um excelente cabeleireiro, o salão onde trabalhava, vivia sempre cheio, todas as mulheres do entorno e muitas de longe, vinham até o salão para ver com seus próprios olhos, as maravilhas que a Cris, como passou a ser conhecido, fazia com os cabelos . em menos de dois anos ele já tinha seu salão e não tinha mais patrão.
Segunda: seu corpo. Como sua conta bancaria foi aumentando, Cris pode investir em si mesmo. Comprou os hormônios mais milagrosos que existem, colocou silicone nos peitos, botox nos lábios, nas nádegas, cuidou dos cabelos. Aos 19 anos era uma das mulheres mais lindas e gostosas da comunidade, uma mulher com pica, para alguns homens isso não era problema.
Sabendo o domínio que exercia em alguns homens, Cris começou a seduzir alguns de seus vizinhos, sempre que tinha sol, ela estendia uma toalha no quintal, colocava o biquíni que mais fosse enfiado em sua bunda e ficava tomando sol Sem a parte de cima do biquíni, sabendo que os caras ficavam observando de cima das lajes. A noite Cris colhia os frutos da sedução, sempre a noite um ou dois caras, as vezes três, pulavam o muro, sempre um de cada vez, pois não queriam ser vistos, se tal acontecesse, seriam zoados no dia seguinte. Cris adorava isso, abria a porta, mandava o cara entrar. Ninguém dizia nada, Cris ia logo arriando as calças do cara e começava a pagar um boquete. Cris não gostava de ficar nua, tinha vergonha do seu pênis, pra deixar o sujeito excitado ela ficava esperando de calcinha e sem soutien. Tinha uns que queriam beija-la na boca, tinha outros que queriam chupar seus peitos, nada disso Cris permitia. Depois do boquete ela levava o cara pra a cama e dava o rabo para ele. Só que Cris transava sempre de costas para as pessoas, não queria de jeito nenhum que vissem seu pinto. Como tinha medo de pegar alguma doença, sempre usava camisinha, detestava, só que o medo era maior. Já o boquete era sem camisinha, porque ela adorava o gosto de porra, como depois vomitava, achava que não tinha problema. Assim Cris passava suas noites. De dia estava pronta para pegar no batente.
Sempre que podia Cris dava uma sacaneada nos caras que a comiam. Um deles numa noite, esqueceu o boné em cima da cama, ficou meio desnorteado depois que gozou, meio envergonhado de tanto que gemeu, foi embora. No dia seguinte quando Cris foi comprar pão, viu o cara encostado num poste, voltou, pegou o chapéu. Quando passou onde ocara estava, parou e disse:
- Olha o que você esqueceu lá em casa. – jogou o chapéu em cima do cara.
Um outro rapaz que estava ao lado dele, engoliu o riso. Enquanto seguia seu caminho Cris pode ouvir o cara dizendo “ depois diz que não” e o outro respondendo “ esse viado ta maluco, esse boné não é meu”. Cris riu. Apesar da brincadeirinha, ele ainda voltou muitas vezes na casa de Cris.
Tinha algo que Cris temia muito que acontecesse, se apaixonar por um desses amigos dela e foi exatamente o que aconteceu. Era uma noite chuvosa, Cris já havia recebido três visitas, estava até com a boca dormente de tanto chupar rola,ouviu umas batidas na porta.
- Esse eu vou dispensar. Amanha tenho que trabalhar.
Quando abriu a porta, Cris ficou de boca aberta, era um cara que ela via quase todos os dias, era um vapor da boca, só que ela sempre que o via, comia o rapaz com os olhos, pois era o seu tipo preferido, negro, alto, cabeça raspada e forte. Em seu intimo ela sabia que ele também a observava. Apesar de estar só de calcinha deixou que o rapaz entrasse.
- Deixa eu me esconder aí. Os “home” estão perturbando a favela.
- Entra. – convidou Cris, afastando-se para que ele pudesse entrar.
O rapaz que se chamava Edson estava todo molhado e tremendo de frio.
- Aguarda ai que vou trazer uma toalha e umas roupas secas pra você.
Cris foi no quarto ainda tinha umas roupas de homem, que usava quando ia visitar a mãe, pois sabia que se chegasse na casa do pai vestido com roupas de mulher, com certeza ele não a deixaria entrar. Pegou uma bermuda larga e uma camisa de algodão.
- Acho que vai dar em você.
Cris começa a ajudar Edson a tirar as roupas, antes ele tira a arma da cintura e da na mão dela.
- Esconde aí pra mim, derrepente os “home” bate aqui se me pegarem com uma arma vão me levar de dura.
Enquanto ele falava, Cris podia notar que ele a observava e que estava de pau duro, era tudo que ela queria saber, começou a se insinuar pra ele, ao pegar algo no chão se abaixava de costas para ele, quando tirava a camisa dele encostou seus seios nos peitos dele e quando tirou a cueca dele, foi logo abocanhando a pica de Edson, que não se fez de rogado e empurrou a cabeça dela contra seu pênis, Cris quase engasgou mais continuou fazendo o trabalho. E dali pra frente foi uma noite de sexo como ela tivera poucas na vida. No dia seguinte estava com o rabo tão dolorido e assado que teve que passar quase o dia todo de pé.
Durante uma semana essa foi a rotina noturna dos dois, estranhamente todos os amigos que Cris tinha feito sumiram, sabendo que um cara da boca tinha entrado na festa, ficaram com medo e sumiram.
Sem que ninguém desconfiasse, Cris começou a sondar a vida de Edson, descobriu que ele tinha uma mulher, a de fé, com a qual tinha dois filhos,que os dois brigavam o tempo todo descobriu também que ele era cria da favela e que ele tinha vergonha que descobrissem que ele estava comendo um viado e que estava apaixonado por Cris. Das descobertas que fez, a que pareceu pior de todas pra ela, foi o fato de estar apaixonada por ele também. Em seu intimo sabia que esta história não iria terminar bem.
Numa noite em que esperou Edson e até as três da manha ele não veio. Cris acabou dormindo no sofá, acordou com o peso de Edson tentando penetra-la, se ajeitou, enquanto ele metia nela, começou a escutar os gritos e xingamentos dele.
- Seu viado filha da puta, porque que você entrou na minha vida!
Depois dos xingamentos vieram as porradas. Cris ainda tentou se defender, mas apanhou como nunca havia apanhado na sua vida. Edson estava completamente drogado de cocaína. Quando despertou no dia seguinte, saiu sem dizer nada.
Voltou alguns dia depois, não disse nada, não pediu desculpa, somente transou com Cris e foi embora.
Todas as vezes que Edson chegava drogado na casa de Cris, eles transavam e ela era xingada e apanhava, estava ficando cansada disso. Sabia que ele fazia isso, porque estava infeliz no casamento, as pessoas sabiam que ele estava comendo um viado, apesar dele negar, seus amigos de trafico o zoavam.
Num dia quando Cris voltava do mercado, de longe viu Edson traficando, continuou seu caminho, ao passar em frente ao local onde ele estava, Edson virou-lhe o rosto. Cris parou e olhou bem nos olhos dele.
- aqui na rua tu finge que não me vê, mais quando ta la na minha casa me comendo, diz até que me ama.
Carlos olhou pra ela e olhou para os parceiros de trafico. Estavam todos rindo.
- Comedor de viado!
- Alem de comer viado, ainda esta apaixonado.
- que bandido é esse maluco!
- esse viado ta maluco! Onde que eu comi ele! Vou te matar seu desgraçado.
Carlos sacou da pistola e descarregou o pente no corpo de Cristiano.
- esse viado era mentiroso.
Não houve nenhum tipo de punição para Edson. Uma irmã de Cris continuou tocando o salão. A família alugou a casa dele. Edson morreu num tiroteio com a policia três meses depois.

Julio Pecly

domingo, 3 de janeiro de 2010

“O PÁSSARO AZUL”

“Há um pássaro azul em meu peito

que quer sair

mas sou duro demais com ele,

eu digo, fique aí,não deixarei que ninguém o veja.

Há um pássaro azul em meu peito que

quer sair

mas eu despejo uísque sobre ele e inalo

fumaça de cigarro

e as putas e os atendentes dos bares

e das mercearias

nunca saberão que

ele está

lá dentro.

Há um pássaro azul em meu peito

que quer sair

mas sou duro demais com ele,

eu digo,

fique aí,

quer acabar comigo ?

(…) Há um pássaro azul em meu peito que

quer sair

mas sou bastante esperto, deixo que ele saia

somente em algumas noites

quando todos estão dormindo.

Eu digo: sei que você está aí,

então não fique triste.

Depois, o coloco de volta em seu lugar,

mas ele ainda canta um pouquinho

lá dentro, não deixo que morra

completamente

e nós dormimos juntos

assim

como nosso pacto secreto

e isto é bom o suficiente para

fazer um homem

chorar,

mas eu não choro,

e você ?”

Charles Bukowski