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domingo, 17 de janeiro de 2010

Hormônios

Desde pequeno que Cristiano tinha um jeito muito feminino, suas feições seus gestos, definitivamente eram de menina. Não gostava de jogar bola e nem de saltar pipa. Gostava mesmo era de brincar de boneca com as meninas. O pai sujeito heterossexual convicto, que dizia detestar viado. Tentava ainda tapar o sol com a peneira.
- Meu filho brinca com meninas, porque ele já ta querendo namorar. Tenho até que mandar ele maneirar. Não quero arrumar briga com o pai de nenhuma menina. Ele já deve ate estar fazendo saliência.
Pai sempre tem razão, Cristiano fazia mesmo saliência, só que com outros meninos.
Já com a mãe, a situação era diferente, ela sabia que o filho não era igual aos outros meninos, ela não gostava disso e nem entendia. Seu filho podia ser o que fosse, não importava, ela o amaria do mesmo jeito e o protegeria.
A partir dos dez anos que ele começou a entender que não era igual aos outros meninos, ele não gostava de meninas, gostava sim de ficar perto delas, o corpo que o atraia, definitivamente não era o feminino. Por dentro tinha raiva de si, porque não era igual a todo mundo, porque ser diferente e porque ele. O que incomodava muito mesmo, era o fato de não ter ninguém com quem conversar. Até que um dia ele resolveu procurar a mãe e desabafar.
Com o passar dos anos, ele nem lembrava o que os dois conversaram naquele dia, em suas lembranças só havia ficado uma única frase: “ você pode ser o que for, eu sempre vou te amar”. Desse dia em diante o céu escuro se abriu e mostrou um belo arco-íris. Porem com o pai não teve jeito, ele nunca aceitou a opção sexual do filho. Conforme Cristiano foi crescendo e se tornando mais feminino, o pai não conseguia nem olhar na cara dele. Não teve opção, o único jeito encontrado por Cristiano foi se mudar. De uma favela, ele simplesmente foi para outra, não muito longe de casa, pois ainda tinha a mãe e os irmãos que o aceitavam como ele era.
Como tinha que se sustentar sozinho, teve que abandonar os estudos aos dezesseis anos e começar a trabalhar, na única coisa que sabia fazer, cabeleireiro.
Com o passar dos anos, sua vida foi mudando, dois itens foram os que tiveram as maiores mudanças.
Primeiro: profissionalmente. Como era um excelente cabeleireiro, o salão onde trabalhava, vivia sempre cheio, todas as mulheres do entorno e muitas de longe, vinham até o salão para ver com seus próprios olhos, as maravilhas que a Cris, como passou a ser conhecido, fazia com os cabelos . em menos de dois anos ele já tinha seu salão e não tinha mais patrão.
Segunda: seu corpo. Como sua conta bancaria foi aumentando, Cris pode investir em si mesmo. Comprou os hormônios mais milagrosos que existem, colocou silicone nos peitos, botox nos lábios, nas nádegas, cuidou dos cabelos. Aos 19 anos era uma das mulheres mais lindas e gostosas da comunidade, uma mulher com pica, para alguns homens isso não era problema.
Sabendo o domínio que exercia em alguns homens, Cris começou a seduzir alguns de seus vizinhos, sempre que tinha sol, ela estendia uma toalha no quintal, colocava o biquíni que mais fosse enfiado em sua bunda e ficava tomando sol Sem a parte de cima do biquíni, sabendo que os caras ficavam observando de cima das lajes. A noite Cris colhia os frutos da sedução, sempre a noite um ou dois caras, as vezes três, pulavam o muro, sempre um de cada vez, pois não queriam ser vistos, se tal acontecesse, seriam zoados no dia seguinte. Cris adorava isso, abria a porta, mandava o cara entrar. Ninguém dizia nada, Cris ia logo arriando as calças do cara e começava a pagar um boquete. Cris não gostava de ficar nua, tinha vergonha do seu pênis, pra deixar o sujeito excitado ela ficava esperando de calcinha e sem soutien. Tinha uns que queriam beija-la na boca, tinha outros que queriam chupar seus peitos, nada disso Cris permitia. Depois do boquete ela levava o cara pra a cama e dava o rabo para ele. Só que Cris transava sempre de costas para as pessoas, não queria de jeito nenhum que vissem seu pinto. Como tinha medo de pegar alguma doença, sempre usava camisinha, detestava, só que o medo era maior. Já o boquete era sem camisinha, porque ela adorava o gosto de porra, como depois vomitava, achava que não tinha problema. Assim Cris passava suas noites. De dia estava pronta para pegar no batente.
Sempre que podia Cris dava uma sacaneada nos caras que a comiam. Um deles numa noite, esqueceu o boné em cima da cama, ficou meio desnorteado depois que gozou, meio envergonhado de tanto que gemeu, foi embora. No dia seguinte quando Cris foi comprar pão, viu o cara encostado num poste, voltou, pegou o chapéu. Quando passou onde ocara estava, parou e disse:
- Olha o que você esqueceu lá em casa. – jogou o chapéu em cima do cara.
Um outro rapaz que estava ao lado dele, engoliu o riso. Enquanto seguia seu caminho Cris pode ouvir o cara dizendo “ depois diz que não” e o outro respondendo “ esse viado ta maluco, esse boné não é meu”. Cris riu. Apesar da brincadeirinha, ele ainda voltou muitas vezes na casa de Cris.
Tinha algo que Cris temia muito que acontecesse, se apaixonar por um desses amigos dela e foi exatamente o que aconteceu. Era uma noite chuvosa, Cris já havia recebido três visitas, estava até com a boca dormente de tanto chupar rola,ouviu umas batidas na porta.
- Esse eu vou dispensar. Amanha tenho que trabalhar.
Quando abriu a porta, Cris ficou de boca aberta, era um cara que ela via quase todos os dias, era um vapor da boca, só que ela sempre que o via, comia o rapaz com os olhos, pois era o seu tipo preferido, negro, alto, cabeça raspada e forte. Em seu intimo ela sabia que ele também a observava. Apesar de estar só de calcinha deixou que o rapaz entrasse.
- Deixa eu me esconder aí. Os “home” estão perturbando a favela.
- Entra. – convidou Cris, afastando-se para que ele pudesse entrar.
O rapaz que se chamava Edson estava todo molhado e tremendo de frio.
- Aguarda ai que vou trazer uma toalha e umas roupas secas pra você.
Cris foi no quarto ainda tinha umas roupas de homem, que usava quando ia visitar a mãe, pois sabia que se chegasse na casa do pai vestido com roupas de mulher, com certeza ele não a deixaria entrar. Pegou uma bermuda larga e uma camisa de algodão.
- Acho que vai dar em você.
Cris começa a ajudar Edson a tirar as roupas, antes ele tira a arma da cintura e da na mão dela.
- Esconde aí pra mim, derrepente os “home” bate aqui se me pegarem com uma arma vão me levar de dura.
Enquanto ele falava, Cris podia notar que ele a observava e que estava de pau duro, era tudo que ela queria saber, começou a se insinuar pra ele, ao pegar algo no chão se abaixava de costas para ele, quando tirava a camisa dele encostou seus seios nos peitos dele e quando tirou a cueca dele, foi logo abocanhando a pica de Edson, que não se fez de rogado e empurrou a cabeça dela contra seu pênis, Cris quase engasgou mais continuou fazendo o trabalho. E dali pra frente foi uma noite de sexo como ela tivera poucas na vida. No dia seguinte estava com o rabo tão dolorido e assado que teve que passar quase o dia todo de pé.
Durante uma semana essa foi a rotina noturna dos dois, estranhamente todos os amigos que Cris tinha feito sumiram, sabendo que um cara da boca tinha entrado na festa, ficaram com medo e sumiram.
Sem que ninguém desconfiasse, Cris começou a sondar a vida de Edson, descobriu que ele tinha uma mulher, a de fé, com a qual tinha dois filhos,que os dois brigavam o tempo todo descobriu também que ele era cria da favela e que ele tinha vergonha que descobrissem que ele estava comendo um viado e que estava apaixonado por Cris. Das descobertas que fez, a que pareceu pior de todas pra ela, foi o fato de estar apaixonada por ele também. Em seu intimo sabia que esta história não iria terminar bem.
Numa noite em que esperou Edson e até as três da manha ele não veio. Cris acabou dormindo no sofá, acordou com o peso de Edson tentando penetra-la, se ajeitou, enquanto ele metia nela, começou a escutar os gritos e xingamentos dele.
- Seu viado filha da puta, porque que você entrou na minha vida!
Depois dos xingamentos vieram as porradas. Cris ainda tentou se defender, mas apanhou como nunca havia apanhado na sua vida. Edson estava completamente drogado de cocaína. Quando despertou no dia seguinte, saiu sem dizer nada.
Voltou alguns dia depois, não disse nada, não pediu desculpa, somente transou com Cris e foi embora.
Todas as vezes que Edson chegava drogado na casa de Cris, eles transavam e ela era xingada e apanhava, estava ficando cansada disso. Sabia que ele fazia isso, porque estava infeliz no casamento, as pessoas sabiam que ele estava comendo um viado, apesar dele negar, seus amigos de trafico o zoavam.
Num dia quando Cris voltava do mercado, de longe viu Edson traficando, continuou seu caminho, ao passar em frente ao local onde ele estava, Edson virou-lhe o rosto. Cris parou e olhou bem nos olhos dele.
- aqui na rua tu finge que não me vê, mais quando ta la na minha casa me comendo, diz até que me ama.
Carlos olhou pra ela e olhou para os parceiros de trafico. Estavam todos rindo.
- Comedor de viado!
- Alem de comer viado, ainda esta apaixonado.
- que bandido é esse maluco!
- esse viado ta maluco! Onde que eu comi ele! Vou te matar seu desgraçado.
Carlos sacou da pistola e descarregou o pente no corpo de Cristiano.
- esse viado era mentiroso.
Não houve nenhum tipo de punição para Edson. Uma irmã de Cris continuou tocando o salão. A família alugou a casa dele. Edson morreu num tiroteio com a policia três meses depois.

Julio Pecly

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