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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

D'APRÈS D. FRANCISCO DE QUEVEDO

Também eu ceei com os doze naquela ceia em que eles comeram e beberam o décimo terceiro. A ceia fui eu; e o servo; e o que saiu a meio; e o que inclinou a cabeça no Meu Peito. E traí e fui traído. e duvidei, impacientemente, e descartei-me; e pus com Ele a mão no prato e posei para o retrato (embora nada daquilo fizesse sentido). Não subi aos céus (nem era caso para isso), mas desci aos infernos (e pela porta de serviço): comprei e não paguei, faltei a encontros, cobicei os carros dos outros e as mulheres dos outros. Agora, como num filme descolorido, chegou o terceiro dia e nada aconteceu, e tenho medo de não ter sido comigo, de não ter sido comido nem ter sido Eu. Manuel António Pina

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