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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

VIA SEDEX

Pedro e Bruno se conheceram num final de tarde, dentro do banheiro de um cinema pornô, no centro do Rio de janeiro. Cinemas como aquele são comuns nas grandes cidades, seus freqüentadores são pessoas de todas as clases sociais, homens de negócio, estudantes, garotos de programa, travestis, uns poucos casais de namorados, homossexuais convictos, outros nem tanto, todos entretanto com um único objetivo em comum, sexo. O que está sendo exibido na tela, muitas vezes é o que menos importa, já que a diversão maior acontece mesmo é na platéia, ou nos banheiros.
Bruno era casado, pai de quatro filhos, empresário bem sucedido, um tipo atraente sem ser bonito, branco, seus metro e setenta de altura, magro, beirando os quarenta e entrou naquela sala de projeção atraído pelo anúncio de “DOIS FILMES PORNÔS TODOS OS DIAS”. Bruno ficou curioso, tivera um dia tenso e queria relaxar, conhecer algo novo, diferente, não estava necessáriamente em busca de aventura, mas instigado pela curiosidade masculina, resolveu entrar e logo percebeu que a imensa maioria das pessoas ali presentes eram do sexo masculino também. Uma vez lá dentro, Bruno se dirigiu ao banheiro, estava nervoso e queria mijar, sentia uma sensação adolescente, que há muito não sentia, estava transgredindo a ordem da pacata e previsível vida que levava, da casa para o trabalho, do trabalho para casa, as vezes uma pizzaria com a mulher e os filhos, futebol no final de semana com os amigos, ver o Fluminense jogar no maracanã de vez em quando, e uma ou duas vezes por semana, fazer amor com a patroa, com quem era casado há mais de quinze anos.
Assim que entrou naquele banheiro mal iluminado, Bruno percebeu uma movimentação estranha, lenta, esfumaçada. Vários homens em atitude suspeita, desconfiada, se revezavam nos mictórios e nos dois únicos reservados do lugar. Bruno esperou que um dos reservados desocupasse e quando dois rapazes saíram lá de dentro, ele entrou e mijou, quando saiu deu de cara com Pedro, um moço que aparentava seus trinta anos, moreno, corpo atlético, um pouco mais baixo que ele, e que estava plantado na porta entreaberta do reservado, observando Bruno se aliviar. Os dois se encararam rapidamente e Pedro entrou, deixando a porta também entreaberta. Bruno não conseguiu sair daquele banheiro de imediato, estava preso por uma estranha excitação que nunca sentira antes e ficou ali, em pé, diante da porta entreaberta aonde podia ver o corpo de Pedro na penumbra, olhando para ele, com o pau pra fora, como se estivesse mijando. Bruno começou a suar frio, tremia da cabeça aos pés e tinha a boca seca, seu o coração batia num ritmo acelerado, foi quando percebeu que Pedro estava excitado, o pau duro, e fazia sinal com a cabeça para que Bruno entrasse naquele pequeno quartinho.
Sem racionar, sem saber porque, num ímpeto, Bruno entrou e assim que estava lá dentro Pedro fechou a porta e a trancou por dentro, em seguida, abriu a braguilha da calça de Bruno, que já estava excitado, e tirou o pau dele pra fora, começando a masturba-lo lenta e suavemente, depois se abaixou e engoliu aquele pau branco rosado, marmóreo, com boca gulosa. Bruno se esqueceu do mundo por uns segundos, estava tonto, deliciado, nunca ninguém o havia chupado daquele jeito. Quando já estava quase gozando, Pedro se levantou e segurou o pau de Bruno com força, impedindo que o gozo saísse, depois tentou beija-lo na boca. Bruno afastou o rosto. Pedro então colou Bruno contra a porta e sussurrou dentro do seu ouvido:
- Meu nome é Pedro, gostei de você, vamos sair daqui, eu moro aqui perto, moro sozinho e vou fazer você gozar como você nunca gozou na vida.
Bruno estava cego de tesão, um tesão animal, tinha vontade de gritar, de bater naquele cara que o imprensava contra a porta do reservado escuro. Ele sentia o corpo de Pedro colado ao seu, quente, transpirando, o pau do outro latejando nas suas pernas, por sobre as calças frouxas, a respiração do outro ofegante no seu pescoço. Ele disse não com a cabeça, a voz lhe faltava, mas Pedro o apertou ainda mais forte contra a porta, com uma mão segurava firme o seu pau enquanto que com a outra pegou a mão de Bruno e levou até ao pau dele. Bruno não resistiu e sentiu o pau macio e rijo de Pedro latejando em sua mão. Todo homem é um heterossexual convicto até o dia em que ele pega no pau de outro homem.
Pedro era um jornalista desempregado, que vivia de pequenos bicos em agencias de publicidade sem expressão ou escrevendo artigos para jornais independentes. Ele Morava sozinho num apartamento conjugado, alugado num prédio antigo, em um bairro próximo ao centro da cidade. Os dois saíram do cinema para o apartamento de Pedro que cumprira o que prometera, fizera Bruno gozar como nunca havia gozado antes. De todas as formas de amar eles se amaram e os encontros foram se repetindo sucessivamante, sempre no apartamento de Pedro, pois era mais seguro para Bruno, longe do bairro em que ele morava e também longe da sua empresa. A única condição que Bruno impusera ao seu amante é que ele nunca daria ao Pedro, nem telefone, nem endereço, pois queria manter o seu casamento e a sua família a salvo daquela loucura. Apenas o Bruno procurava o Pedro, apenas o Bruno ligava para o Pedro, e aparecia quando queria e podia. Pedro aceitou o jogo, pois Bruno o ajudava nas despesas da casa, pagava as contas, fazia o mercado, enchia Pedro de presentes e Pedro, foi se acostumando àquelas comodidades que o seu amante lhe proporcionava.
Tudo na vida é secreto, mas até o segredo mais fundo, mais cedo ou mais tarde sempre é descoberto. Bruno estava totalmente transtornado com a nova vida, relaxou nas precauções, excedeu horários, que passaram a ser cada vez mais confusos. Sua mulher acostumada à boa vida que o marido lhe dava, passou a ficar desconfiada. Por várias vezes não encontrava o marido no escritório em horário de expediente, ele chegava sempre muito tarde. Era uma amante, ela não tinha dúvidas. Encostou o marido na parede. Ele negou, mas as suas desculpas não convenciam. Ele não procurava mais a mulher e ela agora já estava convicta de que o marido tinha outra. Silenciosamente passou a seguir os passos do marido por conta própria, tinha tempo de sobra para isso. Ela não queria perder o status que aquele casamento lhe dava para outra e apertou a vigilância, controlando horários, as ligações telefônica, checando a memória do celular do marido religiosamente. Nada. Nenhuma pista concreta para aquela mudança radical no comportamento do esposo. Passou então a seguir os passos dele ainda mais de perto. Ele saía, ela dava um tempo, pegava o carro e saía atrás. Dava horas de plantão na esquina da rua da empresa da família, esperando que ele saísse e seguia atrás, sem que ele percebesse que estava sendo seguido.
Finalmente ela chegou ao endereço que ele repetia todos os dias sem falta, inclusive aos sábados quando ele dizia que ia jogar futebol com os amigos, inclusive aos domingos, quando ele dizia que ia ao maracanã ver o Fluminense jogar e era dia de Flamengo e Vasco. Todos os dias ele ia ao mesmo endereço, um prédio antigo, num bairro próximo ao centro da cidade.
De repente Bruno sumiu. Não ligava mais, não aparecia mais e como Pedro não tinha nem telefone nem endereço do amante, ficou a ver navios. Passaram três, quatros dias e nada, Bruno sumira sem deixar rastro. Não tinha havido nehuma briga, nenhum desentendimento, nada, tudo estava indo normalmente bem, sem conflito e sempre com muito prazer para os dois. Pedro estava pirado, procurava e não encontrava uma razão lógica para o sumiço do seu amante.
Passado uma semana do desaparecimento de Bruno, Pedro chega à portaria do prédio onde morava e o porteiro lhe entrega uma caixa do sedex endereçada a ele, Pedro de tal. No remetente, um nome que ele desconhecia, Maria de tal. Pedro recebe a caixa e sobe até o seu apartamento, curioso por saber o que ela continha. Ao chegar em casa Pedro começa a abrir a caixa cuidadosamente e logo sente um cheiro forte de formol. Dentro da caixa um vidro de maionese envolvido num papel branco e colado ao vidro, um bilhete escrito com letra bem desenhada, provavelmente de mulher, que dizia: “ELE LHE DEU PRAZER E ME DEU QUATRO FILHOS LINDOS. AGORA ELE NÃO TEM MAIS SERVENTIA NEM PARA VOCÊ NEM PARA MIM”. O coração de Pedro gelou. Aos poucos ele foi descolando o papel grudado ao vidro de maionese e descobrindo o seu escabroso conteúdo. Era o pau de Bruno, cortado com saco e tudo, embebido em formol e enviado para Pedro, num vidro de maionese, via sedex, provavelmente pela viúva do seu ex-amante.

Ricco Duarte

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